Participantes caminharam pelo Parque da Cidade de olhos vendados
Quem esteve no Parque da Cidade na manhã do último sábado (31/07) se deparou com uma cena diferenciada. Pessoas vendadas fizeram um passeio pelo local e sentiram, por alguns minutos, como é a vida e a rotina de uma pessoa com deficiência visual diante dos obstáculos da cidade.
A experiência faz parte da Caminhada da Cidadania, promovida pela Secretaria da Pessoa com Deficiência do DF e pela Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV). O intuito da atividade foi promover um momento de reflexão e empatia. O evento respeitou os protocolos de prevenção à covid-19.
Os participantes tiveram a oportunidade de fazer um passeio pelo local, contando apenas com o auxílio de objetos que simulam bengalas. Quem passava pelo local se integrou ao grupo, a exemplo do servidor público Joaquim Azevedo.
Ao vendar os olhos e iniciar a caminhada, Joaquim disse que se sentiu “perdido”, sem saber onde estava. “Eu achava que estava para um lado e estava completamente para o outro”, conta. “Essa pequena caminhada foi muito interessante para ver a dificuldade que tem a pessoa com deficiência visual e o quanto a gente não presta atenção quando eles estão na rua”, complementa Azevedo.
Essas dificuldades são confirmadas pela presidente da ABDV, organizadora do evento, Denise Braga. “Enfrentamos obstáculos na caminhada, de confiar nas pessoas sem saber quem tá nos ajudando. A mobilidade, já que a pessoa pode ter também uma deficiência auditiva associada”, afirma a ativista. Segundo ela, o evento foi apenas “uma demonstração”, já que as pessoas com deficiência visual convivem permanentemente com a limitação.
A caminhada chamou a atenção de pessoas como o digital influencer Dilson Braga dos Santos, que elogiou a iniciativa. “Achei bacana a proposta de incluir pessoas que enxergam e unir com pessoas que tem a deficiência visual. É uma lição”, classifica.
O secretário da Pessoa com Deficiência do DF, Flávio Santos, definiu o momento como “uma experiência marcante, de vivenciar o que é ser uma pessoa cega”. “Ao mesmo, tivemos a chance de fazer um processo de interação e inclusão”, destaca o gestor.